“Eu nunca tinha pensado sobre isso…”
- anaclaractpsi
- 6 de out.
- 2 min de leitura
Partimos do ponto de que somos constituídos pelas relações que estabelecemos durante a vida, o que consequentemente nos molda a partir de uma referência, de um modo de ser de um outro e do meio em que vivemos. Nosso modo de ser, as certezas, medos e jeito de lidar com certas coisas, são vinculados aos gostos e modos de ser de outros, que podem ser reproduzidos quase que de forma automática.
A análise é o lugar em que se percebe que aquilo que já tem respostas consistentes demais passa a ter espaço para interrogações. Onde as certezas, medos, modos de ser já estabelecidos, que muitas vezes tinham efeito de paralisação na nossa vida, passam a poder ser questionados…
Diria de antemão que fazer análise tem relação com a possibilidade de criar perguntas, de querer saber e questionar algumas posições que se ocupa ou ocupou no decorrer da vida e os efeitos disso. Uma análise pode ser o lugar em que haverá mais perguntas do que respostas prontas.
Isso porque há conclusões que chegamos para certas perguntas, mas que não conseguimos fazer nada a respeito naquele momento, do mesmo modo que há perguntas que sequer sabemos formular a partir de nossas angústias. É preciso localizar alguns pontos que dizem respeito ao sofrimento, mas que requer tempo para construir algo a partir disso que foi localizado.
E nesse espaço para certas interrogações é que pode ser produzido, por exemplo, um “eu nunca tinha pensado sobre isso”, ou “eu nunca tinha percebido dessa forma”, produzindo assim, efeitos no sofrimento do sujeito.
Por vezes, pode ser difícil separar aquilo que é seu e o que é do outro, afinal, nos constituímos em relação. Ter uma posição de se questionar, falar sobre suas contradições, se deparar com os próprios paradoxos e ambivalências, talvez não seja simples, mas pode ser um bom caminho para se apropriar daquilo que realmente importa.
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